Contexto
A vida nos seringais é cheia de grandes dificuldades nas áreas de saúde, educação, comércio e profissional. Essas dificuldades geram sofrimento, pobreza e escravidão.
A saída recomendada é recorrer à fé.
Sem outra alternativa ele recorre ao que mais se identifica com o problema: o santo, o pajé, o padre, o terço, a superstição, a medicina caseira, a Deus. Estas práticas tornam o seringueiro o detentor da mais importante cultura religiosa do Brasil.
Todas estas coisas juntas formam um místico de fé tão forte que em determinados momentos até a própria natureza obedece ao ritual. Tudo que o seringueiro desenvolve em suas atividades católicas relaciona-se com o seu dia-a-dia. O sistema social desenvolvido nos seringais faz parte da cultura local pelas suas particularidades únicas que conjugam o fenômeno: seringueiro, floresta, fauna, rios, natureza. Foi observando a relação que existe em comum entre o profissional, o social, o religioso e o cultural que entendi porque a floresta é tão importante para quem mora e trabalha dentro dela. Tomado por um sentimento poético escrevi “O Pai Nosso do Seringueiro”.
Pai Nosso do Seringueiro
Seringueira que estais na selvaMultiplicados sejam os vossos diasVenha a nós o vosso leiteSeja feita a nossa borrachaAssim na prensa como na caixaPara o sustento de nossas famíliasNos daí hoje e todos os diasPerdoai nossa ingratidãoAssim como nós perdoamosAs maldades do patrãoE ajudai a nos libertarDas garras do regatãoAmém!Novo Apurinã – AmazonasAutor: Jaime Da Silva AraújoTyryetê Kaxinawá